terça-feira, julho 11, 2006

Scolari fica.

Nem outra hipótese se deveria colocar. Tenho alguma esperança que Portugal consiga aprender algo verdadeiramente importante com este homem.
Scolari aposta. E doa o que doer, leva as suas apostas às últimas consequências. Como líder de equipa, segue uma bem implementada política de continuidade, de estabilidade. Se ele sabe que pode contar com os seus jogadores, também estes sabem que podem contar com ele. Nunca vi o seleccionador nacional tomar uma posição que não fosse de total defesa da sua equipa. Mesmo nos momentos menos felizes ou em caso de erros, Scolari apoia os seus companheiros contra tudo e contra todos. E nunda descarta responsabilidades. É directo, sincero, empenhado e organizado. É um excelente gestor de recursos humanos, é carismático e não há jogador na selecção que não seja da sua absoluta confiança. Não há jogador, técnico ou membro da FPF que se atreva a contestar o Mister. Não por medo, mas por respeito e confiança. Scolari cumpre. Roma e Pavia não se fizeram num dia e ele sabe-o. Com visão de futuro, não se concentra apenas no momento presente, mas também em criar algo que venha a dar frutos a longo prazo. Em 2004 a Selecção Nacional teve uma prestação admirável no Campeonato Europeu e este ano apresentou-se na Alemanha como uma equipa mais sólida, mais experiente e mais confiante, que apesar de não ter conquistado a taça, conquistou definitivamente a admiração de um mundo inteiro pela sua determinação, organização e dinâmica, conquistando a distinção de "equipa mais empolgante".
Scolari detém o segredo que a grande maioria dos nossos governantes ainda não concebeu - Continuidade. O seleccionador sabe que a única forma de concretizar objectivos é através da estabilidade e determinação e que a visão de curto prazo não pode ter lugar no planeamento de um futuro.
Portugal está demasiado preso ao Futebol. Mesmo o calendário político é idealizado em torno do calendário do Campeonato Nacional ou de outras competições de dimensão internacional. Exemplos são o caso de Santana Lopes, que quando Portugal acordou do Euro 2004 já estava sentado em S. Bento no lugar do Emigrante. Este ano, o Primeiro Ministro aproveitou um momento idêntico para substituir o Prof. Freitas do Amaral no Governo, sem grandes explicações, já que a nação inteira estava colada às TV's à espera de ver o Portugal-Inglaterra. Portugal não pode continuar a tentar reinventar-se todos os anos. É fundamental que os nossos governates compreendam isto. E nós também.
Scolari conseguiu o que nenhum político conseguiu nos últimos 20 anos, unificar uma nação sob o seu próprio símbolo, hasteando uma bandeira em quase todas as casas, e carros, do país. Nas últimas legislativas 60% dos portugueses foram às urnas. Durante o Mundial 82% assistiram aos jogos da Selecção.
Será que como Primeiro-Ministro Scolari teria o mesmo sucesso?
Raios, dêem-lhe um passaporte português e levem o Mister a S. Bento em 2009! É de aproveitar essa taxa de popularidade que o Engº Sócrates nunca conseguirá obter...

B&A

1 comentário:

Anónimo disse...
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